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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Alan Rickman Interview

MoviesOnline teve o prazer de sentar-se com Alan Rickman, nos estúdios Culver, em Los Angeles (aonde ele está, atualmente, filmando Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton) para falar sobre seu novo filme, Nobel Son. Dirigido por Randall Miller (Bottle Shock), escrito e produzido por Miller e Jody Savin. Nobel Son é um filme tenso, cravado com um humor peculiar, também estrelado por Bryan Greenberg, Eliza Dushku, Shawn Hatosy, Mary Steenburgen, Bill Pullman, e Danny DeVito.

Neste venenoso conto de disfunção familiar, luxúria, traição e por fim, vingança, Barkley Michaelson (Greenberg) está lutando para terminar sua tese em PhD, enquanto seu pai, o instruído Eli Michaelson (Rickman), ganha o prêmio Nobel em Química. Mas as indiscrições passadas de Eli, começam a colidir com o presente. Quando Barkley é sequestrado, na véspera de seu pai receber o prêmio, Eli se recusa a pagar o resgate. Então começa um jogo de intrigas e decepção, que prova que o troco pode sr pior do que se imagina.

Vilão extraordinário, personalidade cômica, galã romântico e mais, Alan RickmanWest End de Londres, na Brodway, no cinema, no rádio e na televisão. no papel do professor Severus Snape, Rickman continua a aparecer como o Mestre de Poções, nos filmes Harry Potter. representou no

Outros créditos recentes incluem: Snow Cake (com Sigourney Weaver e Carrie-Ann Moss), Perfume (com Dustin Hoffman), o Guia do Mochileiro da Galáxia e Sweeney Todd, de Tim Burton (com Johnny Depp). Rickman colaborou, anteriormente, com o diretor Randall Miller, em Bottle Shock, que foi lançado no início deste ano.

Alan Rickman é uma pessoa fabulosa e nós realmente apreciamos seu tempo conosco.

Aqui está o que ele nos contou sobre Nobel Son, seus próximos projetos, e o tempo excepcionalmente frio, no set.

AR: Quente o suficiente?

MoviesOnline: Eu disse que Alan vai pensar que somos muito engraçados, porque somos da Califórnia; nós sentimos frio, se está por volta dos 18°.
Você está com frio?

AR: Isso é ridículo.

MoviesOnline: Tem sido barulhento, também.

AR: Barulhento e frio. Como Londres.

MoviesOnline: Eles (Randall Miller e Jody Savin) estavam nos contando a história de como vocês se conheceram. Quando você trabalhou pela primeira vez com eles, você poderia imaginar que isso se tornaria uma longa colaboração em tantos projetos?

AR: Eu não sei. Eu suponho que você diz coisas como Woody Allen, e ontem, eu estava aqui assistindo Tim Burton filmando Alice [no Pais das Maravilhas], e eu estou envolvido nisso. E quem sabia o que iria acontecer quando eu fiz Sweeney Todd? Então, eu gosto de colaborações. Afinal isso envolve um grau de confiança, o que é uma coisa boa.

MoviesOnline: Existe agora, um atalho entre você e o diretor? Se tratando de alguém como Randy ou Tim? Você, de certo modo, sabe como eles trabalham?

AR: Não, porque eu penso que eles mudarão, assim como você.
Apenas significa que há um tipo de atmosfera, de possibilidades e jogadas e 'vamos tentar isso.' Eu me sinto muito livre com eles.

MoviesOnline: Você acha que se mantém criativamente fresco, fazendo projetos independentes como este e fazendo, também, filmes de maior recurso?

AR: Pra ser perfeitamente honesto, minha cabeça não sabe a diferença.

MoviesOnline: Foi o que Bill Pullman disse.

AR: Eu não tenho idéia. Você está apenas trabalhando e tentando fazer o trabalho. Não importa qual o tamanho do orçamento, todos estão sempre olhando para seus relógios e gritando que não têm tempo suficiente.

MoviesOnline: Mas não é como um independente, você realmente está se movendo mais rápido - Não ha tantas tomadas, é muito mais rápido do que um filme grande?

AR: Não.

MoviesOnline: Sério? Uau.

AR: Dinheiro é tudo. Na minha experiência, de qualquer maneira. Eu presumo que há mais set ups [nota trad.: set ups é troca de equipamento, ferramenta, etc], talvez, em um filme grande, então as cenas serão rodadas por mais tempo, porque há muito mais ângulos, usados.

MoviesOnline: É legal retornar ao trabalho com o mesmo grupo de pessoas? É como uma companhia de repertório, de certo modo.

AR: Sim, foi. Exatamente. Novamente, é sobre confiança e respeito, tanto quanto qualquer coisa. Para eu ter que trabalhar com as pessoas [nota trad.: ele quis dizer que para poder trabalhar com as pessoas, precisa haver confiança e respeito, foi o que eu entendi, pelo menos clo/] – claro, Bryan (Greenberg) e Shawn (Hatosy) e Eliza (Dushku) são novos pra mim. Mas como um ator na Inglaterra, vindo para America, é claro que eu conheço Danny (Devito) e Bill (Pullman) e Mary (Steenburgen). Eles são parte da realeza americana do cinema.

MoviesOnline: Qual foi a graça de interpretar um personagem pomposo e egoísta como Eli?

AR: Qual seu problema com ele? (risos) Não, foi divertido porque não há uma área de julgamento para ser feita. Ele não faz julgamento de si; tudo é possível, contanto que lhe convenha. É como um velho playground. Um bom divertimento.

MoviesOnline: Quando você pegou esse roteiro você não conhecia eles ou qualquer coisa.
Aparentemente, muitas pessoas o rejeitaram, aqui, antes deles o entregarem [o roteiro], em Londres. Como foi isso? Foi o texto que você achou bem escrito ou foi o papel?

AR: É, o roteiro todo. E o fato de eu, realmente, gostar dos roteiros de Jody e Randy é que eles não têm rótulos fáceis. Isso não cabe em um gênero particularmente, o que é difícil para vocês - você não pode obter um carimbo de borracha, fora. Tem um pouco disto, um pouco daquilo. É único em si. Sendo assim, eu gostei muito.

MoviesOnline: Você parece escolher muitos destes papeis esnobes e sórdidos.

AR: Nomeie-os.

MoviesOnline: O que você acha de tão divertido sobre eles?

AR: Nomeie-os. Não, eu de fato, não interpreto um monte deles, como acontece. Alguns deles apenas ganham mais publicidade. Mas a maioria dos trabalhos que tenho feito são pessoas perfeitamente normais.

MoviesOnline: Sério?

AR: Sim. Você quer que eu os liste?

MoviesOnline: Não.

AR: Coloque assim, para todo Nobel Son, existem alguns “Sense and Sensibilities, Truly Madly Deeply, Perfume”. Você entende.

MoviesOnline: Apenas parece, como se você estivesse tão bem conhecido, aqui, pelas partes más – pelo Snape e o Sheriff of Nottingham.

AR: Snape é mau?

MoviesOnline: Bem, no final, obviamente não.

AR: Eu não disse nada.

MoviesOnline: Mas não se sabe disso até o último livro.

AR: Portanto, você quis dizer, “mau” como...

MoviesOnline: Bem, ele não parece ser tremendamente agradável, pelo menos, através dos olhos do Harry, na maior parte do tempo.

AR: Então, seu ponto é? (risos) Não. Olhe, eu não julgo personagens de qualquer maneira por qualquer coisa. Eu apenas chego e os interpreto. E se você estivesse no meu lugar, e eu não posso estar no seu ou negar o que você está dizendo, porque este é o seu ponto de vista. Mas se você estivesse em meu lugar, você olharia para o trabalho que fez e diria, 'Bem, espere um minuto...Olhe para todos esses contra aqueles outros.' É apenas que alguns deles [os papéis] ganham muita publicidade. Isso é tudo.

MoviesOnline: Uma coisa que todos eles têm em comum, entretanto, é que todos são personagens complexos.

AR: Espero que sim. Eu espero que eles vivam por três dimensões. Eu resisto a rotulagem, porque eu acho muito fácil fazer isso com personagens e estórias. Embrulhá-las. Eu gosto quando as estórias são deixadas abertas. É isso que eu gosto na Jo Rowlling como contadora de estórias, é cheia de possibilidades.

MoviesOnline: Há um gênero ou tipo de filme ou obra literária ou personagem que você gostaria de fazer e que ainda não fez?

AR: Não, exatamente. O problema com isso é que se você faz uma lista como essa, de um modo, parece que você já fez algumas decisões e eu gosto de chegar em algo sem decisões tomadas, e olhar para isso como um tipo de mercado, tanto quanto é possível. E a nova composição, me anima. Isso é muito a área que eu opero no teatro, na Inglaterra. É sempre ótimo ler algo absolutamente novo. Mas dito isto, eu acabei de dirigir uma peça de Strindberg, que foi escrita ha 120 anos atrás e você se impressiona, assim como a audiência, por quão incrivelmente moderna que ela é.

MoviesOnline: Que peça é essa e aonde foi?

AR: É uma peça chamada Creditors e eu a fiz no Donmar Warehouse. Eu acho que, provavelmente, chegará em New York ano que vem.

MoviesOnline: O que você está interpretando em Alice no País das Maravilhas?

AR: A Lagarta

MoviesOnline: Uma lagarta? Como você entra em algo assim?

AR: Bem, felizmente, é animada.

MoviesOnline: Oh, ok.

AR: Mas é meu rosto em uma lagarta animada. Então, é uma mistura. O filme é uma mistura de live action [http://pt.wikipedia.org/wiki/Live-action], animação, e stop motion [http://pt.wikipedia.org/wiki/Stop_motion], então é bem complicado e eu não acho que todos os três já tenham sido colocados juntos, antes.

MoviesOnline: Oh, Eu acho que não.

AR: Então, eu estarei com uma Alice humana (não desenho). Eu serei uma montagem.

MoviesOnline: Quem é a Alice com quem você está filmando?

AR: Mia [Wasikowska] é o nome dela. Eu não sei seu sobrenome. Eu a conheci ontem, porque eles estão filmando aqui. Se você se transformar em uma pessoa invisível, você pode entrar e dar uma olhada. Ela tem 19 anos, aparenta ser absolutamente brilhante e, certamente, uma pessoa encantadora.

MoviesOnline: Como alguém vindo da Inglaterra e você está vindo trabalhar neste estúdio, você aprecia o fato de E o Vento Levou ter sido feito aqui? Ou isso significa alguma coisa para você?

AR: Eu não sabia disso na verdade. Uau. Não, absolutamente, totalmente. Quando eu estava filmando, agora esqueci qual era o filme, mas quando eu estava filmando algo aqui e foi tão... havia tanta história agarrada às paredes, e você entra em alguns desses estúdios de som e você pode realmente sentir ... E as pessoas podem nomear os filmes que passaram por lá, ou você ia ao comissário e podia sentir a arquitetura dos anos 30 a sua volta. Absolutamente. Quer dizer, estou hospedado em um apartamento em Hollywood, no momento, e ele foi construído na década de 30. Tocar uma Hollywood antiga, dessa forma, é uma emoção.

MoviesOnline: Randall nos contou sobre como ele, primeiramente, o contatou com o roteiro, através de seu agente em Londres, porque eles foram meio que bloqueados por todo o sistema de Hollywood. Você acha que o sistema implantado aqui, as vezes impede que os atores recebam roteiros realmente bons ou roteiros que possam não ter conhecimento?

AR: Eu não sei. Da minha experiência, acho que todo ator tem que se certificar de que está no comando de sua própria carreira de alguma forma ou de outra. Mas o sistema é tal que você pode dividir a responsabilidade entre um monte de gente, e muita gente tem de justificar seu corte. E assim eles pensam que eles estão te protegendo, talvez, Mas na verdade não estão. Eu realmente não sei. Eu acho que é muito diferente de alguém que tem 25 anos e está na moda, é bem diferente, as opções são maiores e você está sendo explorado, possivelmente em um nível diferente. E as pessoas têm agendas diferentes. Os tipos de filmes que são feitos são diferentes, sabe? Existem tipos de filmes que são um produto para o público jovem e acho que Nobel Son não se enquadra nisso (risos).

MoviesOnline: Agora você vai trabalhar com eles novamente, no próximo verão? Ou não é uma coisa definitiva?

AR: Eu não sei. Não.

MoviesOnline: Eles estão fazendo dois filmes na Nova Zelândia e eles disseram que desejam você para ambos.

AR: Pois bem, primeiro, estou livre? Não, eu estarei dirigindo um filme este ano, eu espero. Mas no mundo dos filmes independentes, você nunca sabe até o último segundo, quando tudo vem junto, mas está a caminho.

MoviesOnline: Vai ser filmado na Inglaterra ou aqui?

AR: Vai ser filmado ... na verdade, não vai ser aqui. Situa-se em Paris. Mas no mundo em que vivemos agora, Paris, de repente, pode tornar-se a Hungria ou a Checoslováquia ou a Lituânia. Enquanto a arquitetura aguentar, tudo bem.

MoviesOnline: Existem muitas filmagens na Lituânia?

AR: No momento, bastante. Eu acho que em qualquer país que surge com incentivos fiscais. É como Bryan estava dizendo sobre New York. Tudo mudou-se para New York porque existem enormes reduções fiscais, para filmar lá.

MoviesOnline: Você estará no filme ou apenas dirigirá?

AR: Não.

MoviesOnline: Alguma vez já pensou em dirigir você mesmo?

AR: Sim. Mas só se eu ficasse sentado em uma cadeira atrás de uma mesa, na filmagem, e não tivesse que me mover.

MoviesOnline: Você tem uma cena em particular, deste filme, que foi sua favorita para trabalhar?

AR: Posso dizer que é a cena em que estou indo para a cesta de presentes, procurando pelo chocolate. Acho que isso nasceu da experiência pessoal. Quero dizer, eu trouxe isso para o filme.

MoviesOnline: Havia muito improviso?

AR: Eu não sei se era, realmente, improviso. A escrita deles é bem rigorosa. As vezes, você irá alterar uma palavra aqui e ali. Quero dizer, a linguagem me fascina, de qualquer modo, e palavras diferentes, têm energias diferentes e você pode mudar todo o percurso da sentença, Eu não preciso lhe dizer isso, mas de um ponto de vista de atuação.

MoviesOnline: Você é alguém que, no palco, muda a representação toda vez que atua? Ou você é muito obstinado com sua representação? E em um filme, em toda tomada, você experimenta e faz um pouco direferente para o diretor ou para você mesmo?

AR:
Eu acho que depende do que o diretor quer. Quero dizer, com Tim Burton, apenas supondo, foi muito o caso de refinar, refinar e refinar até chegar à essência que ele estava procurando. Então, um tipo de selvageria em cada tomada não era apropriado. Ele queria menos menos menos menos, simples simples. Assim, era muito mais divertido, então eu acho que as tomadas estavam livres entre os tempos, porque você estava interpretando, basicamente, uma criança em um terno adulto.

MoviesOnline:
E se divertindo muito, fazendo isso.

AR: Eu estava.

MoviesOnline: O filme que você está prestes a dirigir é um drama contemporâneo?

AR: É dos anos 30.

MoviesOnline: Será situado na Grã-Bretanha? América?

AR: Inglaterra e França.

MoviesOnline: Você já tem um elenco em mente?

AR: Tenho. E possivelmente, não posso comentar. Mas é chamado The House in Paris [A Casa em Paris]. É um belo romance de Elizabeth Bowen, e Hilary Shor o está produzindo.

Nobel Son” estréia nos cinemas em 5 de Dezembro.




[Agradecimentos a Júlia Cunha pela colaboração.]